Chegaram as tão esperadas férias de verão. Para muitas crianças, este é um tempo de descanso, brincadeiras e liberdade. No entanto, para grande parte das famílias, especialmente para os adultos que continuam a trabalhar, esta fase representa um verdadeiro desafio. Os filhos estão em casa, mas os compromissos profissionais mantêm-se. E esta realidade é, frequentemente, acompanhada por sentimentos de culpa, frustração e sobrecarga emocional.
Esta é, sem dúvida, uma etapa exigente, que coloca à prova a gestão da logística familiar e a capacidade emocional dos cuidadores. Os dias tornam-se sucessões de decisões difíceis, em que nenhuma solução parece ideal: garantir com quem ficam os filhos, manter alguma estrutura no dia, proporcionar atividades significativas, adaptar horários e, ao mesmo tempo, preservar o equilíbrio mental.
É importante reforçar que aquilo que muitos pais sentem nesta altura é legítimo. Sentir-se dividido, cansado ou insuficiente não é sinal de falha, mas sim reflexo do empenho em tentar fazer o melhor possível. Validar essas emoções, sem julgamento, é o primeiro passo para enfrentar este período com mais tranquilidade.
Apesar de as férias implicarem uma rutura com a rotina habitual, isso não significa que toda a estrutura deva ser abandonada. As crianças beneficiam de ter pontos de referência no seu dia: saber a que horas se acorda, quando é o momento das refeições, que espaços do dia são dedicados ao descanso, ao lazer ou à atividade física. Uma rotina leve — flexível, mas presente — contribui significativamente para o bem-estar emocional da criança e facilita também a organização dos adultos.
Sempre que possível, é importante ativar redes de apoio. Nem todas as famílias têm acesso a ATL, nem todos os avós ou familiares estão disponíveis, e nem sempre é viável recorrer a programas pagos. No entanto, pode ser benéfico articular com vizinhos de confiança, famílias de amigos ou outros pais que estejam na mesma situação e possam organizar turnos ou partilhas de cuidado. Procurar este tipo de colaboração não é sinal de fraqueza — é uma atitude sensata e responsável. E quando a ajuda é mútua, todos ganham.

Mesmo com tempo limitado e recursos simples, é possível propor atividades que ocupem as crianças de forma criativa e segura. Pequenos desafios diários, jogos com material reciclado, momentos de expressão artística ou a construção de um álbum de memórias das férias podem ser suficientes para dar cor aos dias. O mais importante não é a perfeição da atividade, mas a intenção de proporcionar experiências que promovam vínculo, autonomia e autoestima.
É igualmente recomendável que se converse com as crianças sobre a realidade que a família está a viver. De forma adaptada à idade, é possível explicar que, apesar das férias, os adultos continuam a ter responsabilidades profissionais. Esta transparência ajuda a gerir expectativas e reforça a confiança. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade para transmitir valores como empatia, esforço e colaboração.
No meio de tudo isto, importa não esquecer que o bem-estar da família começa com o bem-estar de quem cuida. Muitos pais adiam o autocuidado, ignoram sinais de esgotamento emocional e sentem que devem “aguentar” sem pedir ajuda. Mas cuidar dos outros exige, primeiro, cuidar de si. Procurar apoio psicológico ou orientação parental nesta fase pode ser determinante para aliviar a pressão, clarificar prioridades e recuperar equilíbrio.
O Centro de Conforto e Saúde está disponível para apoiar todas as famílias que sentem o impacto desta fase. A equipa de psicologia, pedopsiquiatria e parentalidade está preparada para acolher cada situação com empatia, respeito e estratégias adaptadas à realidade de quem procura ajuda. Mesmo que o ritmo da vida não abrande, é possível atravessar este verão com mais leveza — e menos culpa.
Ainda vai a tempo de marcar uma sessão antes das férias grandes. Estamos aqui para ajudar, mesmo nos momentos em que tudo parece demasiado.